sábado, 6 de agosto de 2022

JÔ SOARES - UM ÍCONE

                                           JÔ SOARES E O SEXTETO - UM PARADIGMA


A parte física, inexoravelmente, retornará ao pó de que são constituídos os seres vivos. Óbvio, porém necessário, é lembrar a curta existência dos seres humanos. 

Muitos jactam-se de seus bens materiais, da beleza efêmera e da inteligência que possuem, mas se esquecem de que a origem de tudo que "possuem" advém de talentos que lhes foram dados.

Desenvolver as habilidades inatas, portanto, é algo meritório e intransferível.  Muitos talentos não são multiplicados e perdem-se nos caminhos medíocres que as pessoas teimam em trilhar. Para os que creem, o Livro Sagrado ensina que não se devem enterrar os talentos. Urge que sejam, no mínimo, dobrados. A parábola de Jesus, como sempre, é exata. 

 Aos não crentes, a Vida ensina a multiplicar seus capitais culturais, financeiros e sociais. Por mais que os acomodados refutem a ideia, aos humanos compete crescer, usando seus dons, talentos e habilidades.

Jô Soares foi o típico semeador e multiplicador de talentos. Inteligente e estudioso, escrevia e criava personagens interessantes. Nos bons e nem tão distantes tempos em que o odioso politicamente correto não ditava as regras do humor e das falas livres do cidadão, ele interpretou tipos inesquecíveis que hoje não passariam no crivo dos chatos de plantão, que veem preconceito e racismo em praticamente todos os tipos de humor.

Infelizmente, o "Gordo" aderiu à hipocrisia reinante de muitos artistas milionários, que pregam igualdade aos cidadãos comuns e riqueza aos "mais iguais" (pois é, Orwell...) como ele, de vida nababesca e posição social incomparável aos que vivem à margem da opulência dos endinheirados.

Longe de se hostilizar a fartura e o capital de quem tem, por certo, posto que viver bem é desejo de quase todos. O que se deve repreender é a defesa de igualdade ao povo (na esteira da quase indigência...) enquanto se locupleta da condição do "porco napoleão, "mais igual" do que os outros (Orwell, de novo, uma boa recorrência...)

O posicionamento político de Jô Soares não pode, entretanto, invalidar sua contribuição à cultura do Brasil, refletida em livros, artigos e personagens. 

Arguto e inteligente, fazia de suas entrevistas verdadeiros shows, mesmo com convidados que pareciam nada ter a entregar. Um ícone, imitado por todos que se dispuseram a seguir o modelo de programa que ele consagrou na televisão brasileira...

Nissimiel

O

Um comentário:

  1. Se fôssemos só alma e luz, o tamanho de alguém replicaria o tamanho de seu amor e a inteligência se manifestaria na intensidade do meritório brilho de cada alma. Assim, Jô Soares estaria em um grau elevado, pois seria um Titã nos dois quesitos. Embora concorde com o fato que Jô aderira à hipocrisia social vigente, outros ricos tanto quanto ele, muito menos deram de sabedoria ao mundo, porém isso, eu sei que já sabes. Sendo assim, me resta aderir à previsibilidade do elogio mais que merecido... Parabéns, meu amigo! A elegância de tua pena; a sutileza das tuas ideias; o desdobrar criativo de teu raciocínio e muito mais! Tudo isso faz de ti, um cronista de robusto quilate! Uma crônica à altura do grande personagem e artista Jô Soares. Forte abraço!

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