CONQUISTAS ÉPICAS
O São Paulo prossegue em sua vergonhosa epopeia às avessas, o que surpreende negativamente até o mais pessimista dos seus torcedores e alegra os rivais, à espera da queda de um gigante da América.
Não há no atual horizonte tricolor bravuras que um poema épico possa exaltar, com heróis mitológicos que levem a nau de três cores a portos seguros e conquistas imortais.
As tintas que descrevem a jornada tricolor são sombrias, tais quais tragédias Shakespearianas, em que a "morte" do protagonista parece iminente.
Outros clubes experimentaram a dolorosa via crucis até o gólgota final, no dia em que sacramentaram a vergonha e caíram, triste e inapelavelmente.
Nesse cenário bizarro para um clube de sua envergadura, segue a trupe tricolor, sob inacreditáveis sete rodadas sem um vitória sequer.
Não há razão para desespero ainda, já que o campeonato mal começou. O retrato atual do certame não é a pintura final da obra, evidentemente.
Mesmo porque há equipes na parte de cima da tabela que não devem ficar nesta posição, com todo o respeito que merecem tais agremiações.
Seja pela falta de reposição de peças que certamente irão desfalcar os times, seja pela diferença técnica entre estas e as maiores forças do futebol brasileiro.
Equipes como Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro e, por que não?, Corinthians e São Paulo, não deverão permanecer nas posições em que se encontram na tabela.
Pelo menos, não parece ser o enredo da história do Brasileirão, embora não se deva esquecer que se trata do imponderável esporte em que nem sempre o melhor vence.
Daí provavelmente venha a paixão pelo fascinante esporte bretão (velha expressão, charmosa e nostálgica, esta...) e a presença do "Sobrenatural de Almeida" (mestre Nelson Rodrigues).
Mas o temor são-paulino é recorrente, já que há alguns anos o time flertou abertamente com a temível série B, uma mácula que o São Paulo não tem na sua história. Sua grande torcida não aceitaria passivamente a humilhação, indubitavelmente.
É necessário, entretanto, que os dirigentes, atletas e comissão técnica não se esqueçam de rivais que começaram o namoro indesejável com o rebaixamento e selaram o "compromisso" com a segunda divisão após desmandos que culminaram na série B.
Pelo começo decepcionante, a possibilidade de o desfecho ser épico parece improvável, por óbvio.
O que a torcida do São Paulo espera, pelo menos, é que sua história não termine em Shakespeare...
Nissimiel