sexta-feira, 29 de julho de 2022

SOBRE A COPA DO BRASIL - QUE LÓGICA COMANDA O FUTEBOL?




Os analistas previam a classificação do Corinthians contra o Atlético de Goiás, o que pode até ocorrer, já que os goianos virão a São Paulo enfrentar o Timão, sempre muito forte quando atua em seus domínios.

Antes da bola rolar, poucos acreditavam numa vitória do Atlético, mesmo a partida sendo na casa do Dragão. 

O que se viu, todavia, foi uma partida em que o time local tomou a iniciativa, fez dois a zero e minou as poucas chances que um atordoado Corinthians tentou criar.

Não se deve duvidar da capacidade do alvinegro de devolver o placar que sofreu em Goiás, mas o onze comandado por Jorginho está bem armado e vai dificultar as coisas em Itaquera.

O Flamengo iniciou a guerra pela classificação enfrentando o pragmático Athlético de Felipão. Como faz parte de seu script, Scolari levou ao Rio o medo de perder e seu já consagrado estilo horroroso de praticar futebol, a fim de escapar de uma derrota no Maracanã. Intento alcançado, o Furacão vai tentar derrotar os cariocas no sul.

Foi um evento marcado por pancadas e pela leniência da arbitragem, que conseguiu desagradar aos dois lados, tarefa que contou com o exótico VAR à brasileira, protagonista de diálogos no mínimo engraçados entre os assistentes e o soprador de campo. 

Nenhum dos dois treinadores envolvidos, todavia, achou graça da patacoada eletrônica.

Na casa do Fortaleza, uma partida interessante, com a equipe da casa tentando fazer um bom resultado contra o Fluminense. O time carioca, todavia, está cada dia mais entrosado e perigoso, sob os auspícios do sonhador Fernando Diniz, que parece próximo do equilíbrio entre o jogo bonito e o resultado de que precisa. 

Alvissaras! Que o modorrento esporte que se pratica no país seja suplantado pela sonho "diniziano"...

A derrota do Fortaleza em casa vai obrigá-lo a sair para o jogo no Rio, o que lhe pode ser fatal. Diniz deve montar uma arapuca, tocando a bola, à espera de brechas que espera abrir para matar a partida.

Com Ganso e Cano em fase auspiciosa, o Tricolor das Laranjeiras pode liquidar a fatura.

No Morumbi lotado, o São Paulo penou para vencer o América mineiro, que perdeu um pênalti, cometido pelo contestado Thiago Couto. O que poderia ser uma noite tenebrosa para o goleiro, transformou-se numa inesquecível epopeia, ao defender a penalidade.

Não será fácil, no entanto, a missão Tricolor de superar os americanos em Minas, posto que Wagner Mancini montou uma equipe coesa e rápida, capaz de dominar a peleja em momentos cruciais, como ocorreu no Morumbi. Um empate talvez fosse o resultado mais apropriado. 

Devido ao tempo entre as partidas de ida e volta, a disputa está aberta. Tudo pode acontecer, inclusive a lógica. Depois dos resultados de ontem, resta a pergunta: qual é a lógica que rege o futebol? 

Aguardemos, pois...

Nissimiel


 

sexta-feira, 15 de julho de 2022

1SP X 0 + 2PAL 1= CLASSIFICAÇÃO TRICOLOR - UMA EQUAÇÃO POSSÍVEL...

 




                                                  SEMPRE PODE HAVER VARIÁVEIS

As variáveis não indicavam que o São Paulo pudesse resolver a equação a seu favor, mas os números não podem padecer de "síndrome de pinóquio". Ao contrário, provam a verdade incontestável de uma luta renhida em que a balança final das penalidades pendeu para o lado tricolor.

O Palmeiras, favorito aos títulos que disputa, imaginou que nem precisaria usar a matemática a seu favor. Quase tudo indicava que o xis da questão seria a classificação verde à fase seguinte da Copa do Brasil. 

Tal qual a final do Paulista, O Palmeiras eliminaria o rival, até com sobras, como ocorreu  na final do Paulistão. A se julgar pela superioridade do Verdão, eram favas contadas.

Numa arena lotada, com doze minutos de jogo, o placar apontava dois gols de vantagem. Teve-se a nítida impressão de que a goleada não tardaria, repetindo o vexame a que os tricolores foram expostos há pouco tempo. Um pesadelo recorrente diante da qualidade palmeirense.

Pois é. A equação muito simples estaria solucionada. X seria igual a Palmeiras. 

Mas nem sempre o melhor sai vitorioso. Essa é uma das razões  do fascínio do futebol. Surgiram, então, as variáveis. Elas podem desmoronar  favoritos. Felizmente, para enriquecer discussões e criar , com licença, mais variáveis...

E foi o que ocorreu. A perda de um pênalti por Veiga esfriou os ânimos alviverdes e alentou os visitantes, que alteraram o placar e levaram a decisão para a fatídica marca da cal.

Jandrei, que já havia impedido gols adversários durante o tempo normal, mostrou que sua noite não foi uma variável aleatória. Defendeu duas vezes e garantiu a classificação do São Paulo. 

Abel Ferreira, sempre relutante em aceitar virtudes alheias e  afeito aos "poréns" que ele contrapõe às derrotas, adicionou outra variável à equação: sorte.

Claro que não se pode excluí-la  dos jogos de futebol, mas não se deve tirar as virtudes do brioso Tricolor, que acrescentou outras letras à sua conta: superação multiplicada por eficiência.

Se nem o Príncipe* pode prescindir da "fortuna", por que o Tricolor dela abriria mão? Some-se a ela a indispensável "virtu".

Fecha-se, assim, a equação...

Nissimiel

* Referência a Maquiavel.



domingo, 10 de julho de 2022

FERNANDO DINIZ, UM MOICANO. MAS NÃO O ÚNICO, ESPERA-SE...

 

                                                DINIZ, UM DOS ÚLTIMOS SONHADORES



Os jogos do Fluminense têm sido muito agradáveis de se ver. Eles possuem a marca de seu treinador, com passes rápidos e "marcação alta", como se convencionou chamar o antigo "abafa". O jogo contra o Ceará não foi fácil, pois o time nordestino é bem entrosado, o que impediu o time do Rio de praticar seu melhor futebol. Todos os adversários encontrarão no "Vozão" um obstáculo enorme, posto que sua peças estão bem dispostas no tabuleiro. É um xeque-mate glorioso a quem o consegue...

Fernando Diniz, um dos últimos moicanos, conduz sua tribo por caminhos que podem ajudar a elevar o futebol brasileiro, tão pragmático quanto horroroso, à redenção. Como todos os sonhadores, o treinador do Fluminense sofre alguma rejeição e até mesmo escárnio dos que se julgam os detentores de todas as estratégias e táticas do engenhoso esporte bretão.

Ele persiste, entretanto, apesar do tortuoso e espinhoso caminho, subindo íngremes montanhas, moicano que é, derradeiro que se anuncia, corajoso que se apresenta.

Claro que os céticos lembrar-se-ão do fatídico campeonato perdido pelo São Paulo, atribuído por muitos à teimosia de Diniz em não jogar a bola "para o mato, posto ser campeonato" e ao desentendimento com alguns jogadores, o famoso "perder o vestiário", no jargão futebolista.

Se foram essas a causas, espera-se que o treinador tenha aproveitado as críticas para crescer, como parece ter acontecido.

A comparação não são de nomes, mas circunstanciais, como se verá. Não devemos ter na mesa um cardápio de pratos tão distintos como Telê Santana e Fernando Diniz. São iguarias incomparáveis, por certo. Telê, também um amante do futebol bem jogado, tornou-se um dos maiores treinadores da história ao abrir mão de certas convicções e saber a hora de ser pragmático e tempo de conservar a beleza do futebol. 

Telê tornou-se um ícone no São Paulo ao acrescentar pragmatismo homeopático a seu jogo, conservando em doses cavalares o romantismo lírico do belo futebol que o consagrou. Tido como teimoso por muitos, soube mixar estrondos da bola ao mato com sons de poesia pura.

Como a vida é um eterno aprendizado, espera-se que  Fernando Diniz tenha superado suas mazelas.  Chagas fechadas, o comandante do Tricolor das Laranjeiras pode agora mesclar seu trabalho, para que tenha doses ínfimas e necessárias de realismo e ingredientes à farta de romantismo moicano, que escape do mundo modorrento em que se transformou o futebol...

Nissimiel


 


quarta-feira, 6 de julho de 2022

CORINTHIANS, O IMPONDERÁVEL?

 

                                                VITOR PEREIRA, UM IMPONDERÁVEL?

Quase todos esperavam a classificação do Boca Juniors, o que é perfeitamente normal, se fossem considerados todos os fatores que cercavam a peleja.

Num lado da arena, uma equipe sem vários de seus titulares, inclusive seu principal jogador, William, preservado por não reunir condições de suportar a batalha campal. 

Na outra extremidade do ringue, o Boca Juniors, multicampeão da Libertadores, com sua equipe considerada titular. 

Numa análise rasa, apontar-se-ia o time portenho como favorito, mas para quem conhece o Imponderável de Almeida*, nada se pode descartar.

Mesmo com uma equipe enfraquecida, que nem de longe lembra os grandes times de outrora, a tradição do Boca não pode ser negligenciada. Ainda mais quando atua no lendário estádio La Bombonera, onde seus torcedores pressionam os adversários de maneira assustadora.

No Brasil, o Corinthians perdeu a chance de derrotar o rival, pois Roger Guedes perdeu um pênalti. O alvinegro teve uma atuação inferior ao adversário, é bom que se ressalte. Na Argentina, foi a vez de Benedetto chutar na trave uma penalidade. Empates justos, pelo que deixaram de jogar. 

Na decisão da marca da cal, o time alvinegro conseguiu a classificação à fase seguinte do torneio.

Que não se iludam, no entanto, os fiéis corintianos. Sua equipe precisará jogar muito mais diante do próximo adversário, provavelmente o Flamengo, que deve confirmar a classificação diante do Tolima (de triste memória...), no Maracanã lotado.

Que não se percam também no mar das ilusões os flamenguistas, imaginando partidas fáceis contra o Corinthians. Serão dois jogos duríssimos. O time carioca não está jogando o que seu torcedor espera, embora tenha uma equipe mais qualificada que o Corinthians.

Como a decisão será em agosto, todos os titulares deverão estar à disposição de Vitor Pereira, o que equilibrará a contenda.

É bom, entretanto, que a dona ilusão não bata à porta de Itaquera. O Flamengo precisa de um título neste ano, posto que o alto investimento precisa de retorno. 

E se o Sobrenatural de Almeida** aparecer no Maracanã? 

Bem, o Timão poderá ter a grande chance de se vingar do algoz Tolima, para muitos o maior de todos seus vexames...

Nissimiel

* -** Referência ao grande Nelson Rodrigues, um fanático torcedor do Fluminense, para quem as derrotas surpreendentes de seu time para equipe menores eram arte das duas personagens.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

BENITO DI PAULA, UM VAGABUNDO?



"A minha vida é música. Até me considero um vagabundo. Eu nunca fiz nada na vida a não ser música..."

                                                             ( Benito Di Paula)

                                                                 Alvíssaras! 

Se todos os vagabundos fossem produtivos e geniais como Benito Di Paula, haveria muito mais arte, indubitavelmente.  Que ele continue por muito tempo com sua, por assim dizer, ociosidade produtiva. 

Trabalho comum pode ficar para os reles mortais. Obras-primas cabem aos gênios. A todos, resta aplaudir freneticamente Benito Di Paula.

Como classificá-lo em qualquer gênero musical? Longe de rotular um ícone da música como Benito, melhor é que loas sejam tecidas em sua reverência. 

Mais do que textos, suas canções são essências de sons, melodias e expressões que perpassam os anos e se eternizam no pensamento de quem aprecia a música de cantores imortais.

As letras que falam de universos dos desencantos, encantos da paixão e do amor são descrições e scripts curtos da vida de muitos.

O talento e a interpretação únicos elevam Benito ao patamar máximo da galeria dos maiores artistas do Brasil.

Valeu a pena a "vagabundagem" de Benito de Paula, ocupando-se "apenas" da música...

Nissimiel