domingo, 10 de julho de 2022

FERNANDO DINIZ, UM MOICANO. MAS NÃO O ÚNICO, ESPERA-SE...

 

                                                DINIZ, UM DOS ÚLTIMOS SONHADORES



Os jogos do Fluminense têm sido muito agradáveis de se ver. Eles possuem a marca de seu treinador, com passes rápidos e "marcação alta", como se convencionou chamar o antigo "abafa". O jogo contra o Ceará não foi fácil, pois o time nordestino é bem entrosado, o que impediu o time do Rio de praticar seu melhor futebol. Todos os adversários encontrarão no "Vozão" um obstáculo enorme, posto que sua peças estão bem dispostas no tabuleiro. É um xeque-mate glorioso a quem o consegue...

Fernando Diniz, um dos últimos moicanos, conduz sua tribo por caminhos que podem ajudar a elevar o futebol brasileiro, tão pragmático quanto horroroso, à redenção. Como todos os sonhadores, o treinador do Fluminense sofre alguma rejeição e até mesmo escárnio dos que se julgam os detentores de todas as estratégias e táticas do engenhoso esporte bretão.

Ele persiste, entretanto, apesar do tortuoso e espinhoso caminho, subindo íngremes montanhas, moicano que é, derradeiro que se anuncia, corajoso que se apresenta.

Claro que os céticos lembrar-se-ão do fatídico campeonato perdido pelo São Paulo, atribuído por muitos à teimosia de Diniz em não jogar a bola "para o mato, posto ser campeonato" e ao desentendimento com alguns jogadores, o famoso "perder o vestiário", no jargão futebolista.

Se foram essas a causas, espera-se que o treinador tenha aproveitado as críticas para crescer, como parece ter acontecido.

A comparação não são de nomes, mas circunstanciais, como se verá. Não devemos ter na mesa um cardápio de pratos tão distintos como Telê Santana e Fernando Diniz. São iguarias incomparáveis, por certo. Telê, também um amante do futebol bem jogado, tornou-se um dos maiores treinadores da história ao abrir mão de certas convicções e saber a hora de ser pragmático e tempo de conservar a beleza do futebol. 

Telê tornou-se um ícone no São Paulo ao acrescentar pragmatismo homeopático a seu jogo, conservando em doses cavalares o romantismo lírico do belo futebol que o consagrou. Tido como teimoso por muitos, soube mixar estrondos da bola ao mato com sons de poesia pura.

Como a vida é um eterno aprendizado, espera-se que  Fernando Diniz tenha superado suas mazelas.  Chagas fechadas, o comandante do Tricolor das Laranjeiras pode agora mesclar seu trabalho, para que tenha doses ínfimas e necessárias de realismo e ingredientes à farta de romantismo moicano, que escape do mundo modorrento em que se transformou o futebol...

Nissimiel


 


Um comentário:

  1. Como não possuo em tão alto nível, uma sabedoria futebolística para qualquer mera explanação, aceito o mero posto de bajulador dos textos muito bem escritos! Pões qualquer grande casa, à baixo, caro amigo, com teu robusto vento Aquilão! Ainda não nasceu o ventre!... Que há de gerar outro cronista esportivo mais severamente justo e racionalmente imparcial do que vossa eloquente persona! Diniz, nos trouxe à baila, um São Caetano cirúrgico nos passes e lírico nos contra-ataques, se não me falha a memória!... Enfim, também quero crer nesse "Infante Dom João" do futebol cinco estrelas, "quer venha, quer não!

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