segunda-feira, 7 de março de 2022

QUANDO MAMÃE VAI À UCRÂNIA...

                                                   O TRISTE OCASO DO DEPUTADO


Arthur do Val tinha tudo para ser uma das grandes forças jovens da política brasileira. Com seu jeito satírico e irreverente conquistou as redes sociais. Arguia os políticos convencionais com perguntas debochadas e relevantes, expondo as contradições do discurso demagógico da esquerda. Suas perguntas também embaraçavam pessoas desinformadas que defendiam bandidos, políticos e afins durante manifestações. 

Bem articulado e inteligente, do Val alcançou a fama rapidamente com seu canal. 

Uma fórmula interessante que consagrou e o levou ao cargo de deputado estadual, com a imagem de conservador e liberal, que atrelou ao então candidato Bolsonaro.

Assim como tantos outros "aliados" do presidente eleito, entretanto, começou a fazer oposição ao presidente, alegando que o mandatário teria traído seus eleitores.

Não cabe aqui listar as queixas que o parlamentar tinha do presidente. Cumpre dizer que Arthur do Val passou a trabalhar contra o governo, quando poderia selecionar pautas das quais discordava e apoiar as que considerasse corretas, como manda o bom senso.

Arthur seria um candidato natural à prefeitura de São Paulo.  Apoiado pelo Planalto, teria grandes possibilidades de sucesso. Poderia não ganhar, mas alcançaria uma projeção muito grande para disputar o governo do Estado, por exemplo. 

Optou pelo discurso moralizante, como se ele fosse o último bastão da moralidade. As alianças que o presidente precisou de alinhavar para aprovar pautas importantes foram alvo de severas críticas de Arthur do Val. Segundo ele, foi uma traição ao povo que elegeu o presidente.

Não se defende aqui que haja conchavos e escândalos como havia há pouco tempo, claro. Não se pode ignorar, todavia, que não se governa sem os votos dos parlamentares, sejam honestos ou não. 

Para do Val, todavia, receber votos de congressistas desonestos faria do presidente quase um bandido e traidor da pátria. Bem sabe o deputado que o Executivo não pode governar sozinho. Se o fizesse, seria um ditador. Como aprovar as pautas necessárias, sem a anuência da maioria parlamentar? 

Agora, "Mamãe Falei" foi a Ucrânia. Para não quebrar de vez o telhado vítreo de Arthur do Val, não serão atiradas pedras moralizantes sobre ele. Já as há em profusão...

Nissimiel