domingo, 8 de janeiro de 2017

RASTILHO PERIGOSO. OU: OS PARALELEPÍPEDOS DAS PRISÕES


O massacre ocorrido no Amazonas não começou naquela tenebrosa noite de janeiro.
Outra chacina ocorrida em Roraima também não foi datada para acontecer no dia em que ocorreu.
Os acontecimentos são reflexo de políticas equivocadas dos sucessivos governos que ignoraram os sinais de que o sistema prisional é instituição falida, como muitas organizações que não funcionam no Brasil.
O presidente Michel Temer chamou de acidente o crime dos presos que disputam o comando das cadeias brasileiras e promoveram as chacinas para eliminar a concorrência.
É preciso dizer ao mandatário que foi uma tragédia anunciada, com sinais inequívocos de que o rastilho estende-se há anos e ninguém pode ignorar o perigo que representam os presídios do país.
Não, presidente! Não foram acidentais as chacinas, como também não é por acaso que as superlotações proliferam nas cadeias do Brasil.
Não se pode esquecer que as facções que comandam o crime têm seus chefes "protegidos" nas cadeias e que são "livres" para ditar ordens e decidir quem morre ou merece segunda chance no mundo do crime.
A falta das autoridades  produz líderes que julgam seus comandados e criam leis paralelas que são cumpridas, ao contrário de muitas leis brasileiras que não "pegam".
Os governos tucanos e petistas sempre souberam do poder das cadeias e nunca se empenharam em resolver as mazelas do sistema.
Houve um ministro que chamou as cadeias brasileiras de " medievais e não dignificantes", dentre outros adjetivos.
José Eduardo Cardozo apenas não explicou a razão pela qual seu partido, na época há dez anos no poder, nada fez para torná-las modernas e dignas.
O citado político ainda acrescentou que preferia morrer a cumprir penas nas cadeias do Brasil.
Na época, alguns colegas seus foram presos. Corporativismo?
Como sempre ocorre no país dos paralelepípedos ("onde não se coloca um no chão sem pagamento de propina...", segundo Mario Oliveira Filho, advogado de Fernando Baiano), a corrupção grassa no Brasil e a situação não é diferente no sistema penitenciário.
Armas, drogas e celulares são introduzidos nas celas, apesar das revistas a que são (?) submetidos advogados e visitas dos presos.
Há paralelepípedos assentados nas prisões brasileiras, e não estão no chão, indubitavelmente...
Nissimiel

2 comentários:

  1. Um país com uma população carceraria de quase meio milhão de presos, isso fora o déficit, é sem dúvida, uma bomba relógio como bem disse, uma tragédia anunciada. Outros governos nunca deram crédito ao problema mesmo porque, nunca rendeu votos, más alguma coisa terá que ser feita haja visto que várias facções estão sendo criadas dentro desses presídios e o pior, há uma disputa interna pelo poder do tráfico de armas, drogas entre outros ou seja algo tem que ser feito e urgentemente o sistema atual é falido preso que deixou de pagar pensão alimentícia junto com preso homicida, com traficante, estupradores tá tudo errado, preso tem que trabalhar para pagar sua comida, tem que ter atividade física, cultural isso tudo, devidamente vigiados tem que ter dignidade humana é talvez isso que vá recuperar logicamente nem todos, más aqueles que eventuamente se arrependeram de seus deslizes.

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    1. Paulo, sua leitura está correta. O problema é tão grande que não é possível dissecá-lo em apenas um artigo ou opinião.
      Mas as autoridades não podem simplesmente fingir que nada está acontecendo.

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