domingo, 24 de fevereiro de 2019

O NINHO DO URUBU E AS EIRAS E BEIRAS

AOS SEM EIRA, NEM BEIRA...
AOS MILIONÁRIOS COM EIRA...

O Flamengo pretende ganhar o todos os títulos possíveis, por óbvio. Por isso, investiu muito nos últimos anos.
De acordo com pesquisas, tem a maior torcida do país e quer arrebanhar mais seguidores.
Para isso, um bom caminho é ser campeão, claro. Embora haja fenômenos estranhos, como o caso do Corinthians, que no longo período de estiagem, angariou milhões de fanáticos. O sofrimento pode aproximar mais pessoas. Esse é um caso peculiar, entretanto. Adiante...
Apesar de dever muito na praça, como a maioria dos clubes do Brasil, o Flamengo tem gastado muito dinheiro para reforçar seu elenco.
A folha de pagamento do Flamengo é altíssima e aumentou ainda mais.
Difícil é honrar os compromissos. Fossem suas empresas, os presidentes não as onerariam, sob o risco de insolvência. Como os dirigentes não respondem criminalmente pelo rombo financeiro das agremiações que comandam, contratam cada vez mais as estrelas milionárias.
Claro que é estranho que uma entidade que tem tantas dívidas se afunde ainda mais. Num país sério talvez isso não ocorresse. Mas estamos no Brasil. Logo...
Justiça seja feita, não é apenas o clube da Gávea que beira à bancarrota.
A divida de muitos clubes brasileiros também é enorme. Devem a ex- atletas, a ex-funcionários e ao governo.
Por que não quitam suas pendências antes de contraírem novas dívidas?
O caso do rubro-negro carioca é emblemático e revoltante.
Se uma empresa patrocinadora gasta milhões para expor seu nome numa camisa de clube, é claro que ela recupera seu investimento com sobras. Simplesmente investe e obtém de volta mais do que cedeu aos clubes. É seu ofício e está correta em correr atrás do capital.
Cabe frisar que, se não for do erário, nada deve ser contestado. Que as empresas coloquem seu numerário onde melhor lhes aprouver.
Mas é importante ressaltar que os meninos da base do Flamengo também precisam de tratamento condizente com as tradições e o potencial de investimento (e endividamento, reitere-se...) que a entidade possui.
O centro de treinamento do Flamengo parece, guardadas as proporções, um retrato do Rio de Janeiro, em que as enormes e pobres favelas convivem com a riqueza.
Pobre da outrora cidade maravilhosa, hoje refém dos bandidos sem camisa, sem eira nem beira e dos engravatados, com muitas "eiras" e muitas "beiras".
Ladeiam-se no local de treinos os opulentos aposentos onde fica a elite do clube e os alojamentos improvisados em que os meninos foram mortos pelo fogo e pelo descaso dos dirigentes cariocas.
Não se faz aqui defesa dos pobres nem acusação aos abastados do Rio ou de quaisquer outras plagas. Embora seja indesejável tanta desigualdade, ela existe. Os hipócritas ricos gostam de fazer demagogia e criticar as diferenças, mas nada fazem pelos desfavorecidos da sociedade.
Os artistas "lacradores", os canalhas e assemelhados, com algumas exceções, não cedem um centavo do que possuem em favor dos mais pobres. Entretanto, gritam nas redes sociais contra os ricos ( como se não o fossem também...). Demagogia na mais pura essência, acentue-se.
Os shows e espetáculos têm preços de primeiro mundo, embora nem sempre entreguem a qualidade esperada. Poderiam ser mais acessíveis, já que os promotores e protagonistas dos espetáculos dizem pugnar pelos desvalidos. Todavia, eles nunca abrem mão da vida milionária que levam. E das janelas sofisticadas das suas "beiras", observam o passar dos pobres, enquanto das janelas das redes destilam ódio pelas elites, como se dela não fizessem parte.
Não que tenham obrigação de ceder quaisquer coisas a outrem, mas que não entoem a ladainha "social" que povoa a mídia e os programas "lacradores" de TV.
Claro que os atletas que conseguiram chegar ao topo não têm obrigação ceder parte de seus vencimentos para melhorar a vida dos jogadores de base. São profissionais.
Nem faria muito sentido, posto ser obrigação dos clubes dar condições decentes aos seus meninos.
Cumpre salientar que a maioria dos garotos é oriunda da pobreza.
Na calada da noite, e sob o silêncio criminoso dos boçais, que não ligam para os sem eiras, tampouco para os sem beiras, o fogo destruiu os sonhos de rapazes recém-púberes...
Nissimiel


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