POR QUEM DOBRAM OS SINOS...

A morte da vereadora Marielle Franco repercutiu no mundo inteiro. Não apenas o Rio de Janeiro se mobilizou.
Houve manifestações em muitos países por causa da tragédia. Ela virou mártir e é muito difícil entender as razões pelas quais esse fenômeno ocorre.
Muitos têm tendência a cultivar heróis. Não se pode crucificar alguém por ser fanático por alguém. Mas endeusar seres tão falhos como tantos que há no meio político é algo próprio de pessoas que se sentem fracas e que precisam de líderes para se sentirem protegidas.
No Brasil, as pessoas ficam idolatrando políticos e assemelhados, como seres ungidos por alguma divindade e fossem capazem de resolver todas mazelas.
Nenhum povo deve achar que políticos serão capazes de livrar seus habitantes das agruras e maldades de alguma caixa "pandoriana" de plantão. Ou fazer da terra o paraíso.
Urge que haja instituições que funcionem e que sejam representadas por homens e mulheres dotados de discernimento e honestidade. E que sejam obrigados a produzir o bem comum. Para isso as instituições devem existir.
"Triste do povo que precisa de heróis", já vaticinava Bredcht, numa frase muito feliz e apropriada, principalmente para os tempos atuais, em que ladrões, políticos e assemelhados são chamados pelos incautos para salvarem a lavoura brasileira.
Não se deve gritar por heróis nem por salvadores da pátria, visto que humanos são falhos e imperfeitos. E, uma vez na política, são propensos a se tornarem ladrões e corruptos. Parece ser uma das vis naturezas humanas e sobretudo brasileiras. Infelizmente. E há incautos e muitos mal- intencionados que cultivam verdadeira adoração por políticos, gatunos, corruptos e assemelhados...
Claro que se lamenta a morte da vereadora, mas não se pode esquecer das muitas vítimas dos bandidos do Rio, que morrem todos os dias e por quem os sinos deveriam dobrar também.
Mas nunca se ouvem os badalares por eles, que não dão audiência nos jornais das tevês nem nas redes sociais. Afinal, são cidadãos comuns, sem mandato eleitoral, sem causas a defender e sem pertencimento a nenhuma agremiação política ou as chamadas minorias.
Eles não são heróis, portanto, assim como Marielle também não o é. São vítimas.
Que se gastem badalos para gritar ao mundo sobre a situação dos brasileiros que estão à mercê das balas, nem sempre perdidas, pois quando querem, encontram seus alvos, como aconteceu com a vereadora.
Por quem deveriam dobrar os sinos?
Nissimiel