sábado, 11 de junho de 2022

DO QUE O CORAÇÃO ESTÁ CHEIO?

 

                                                                      OS IMPULSOS DO CORAÇÃO 

Dois episódios distintos envolvendo dois parlamentares ainda repercutem no Brasil. Impressiona a agilidade com que os "nobres" membros das assembleias legislativas trataram as questões.

No primeiro caso, os colegas apressaram-se em defenestrar quem acha as ucranianas "pobres, por isso fáceis...", num arroubo de moralidade poucas vezes vistas no Brasil. Um exemplo de rapidez que mereceu elogios da mídia, quase sempre disposta a execrar quem peca pelas palavras, mas perdoa os desvios de dinheiro público envolvendo os políticos. Sigamos...

 Na Câmara de São Paulo, o vereador paulistano Camilo Cristófaro foi flagrado fazendo um comentário racista. Sem perceber que seu microfone estava aberto, proferiu o inacreditável "lavar calçada é coisa de preto". Os aliados até tentaram camuflar o escorregão do colega. 

Muitos dos vereadores, entretanto, talvez ansiosos por mostrar o quanto são "humanos" e sem preconceitos, encaminharam o pedido de cassação de Cristófaro.

Os dois ocorridos merecem repúdio da sociedade, embora o moralismo exacerbado seja dispensável em ambos os casos.

Como boa parte da sociedade respira demagogia, os casos citados exigiram uma resposta imediata dos "ilibados justiceiros", que expurgaram as "chagas da misoginia e  do racismo" do parlamento. 

Que não se espere deste articulista eufemismos ou desculpas para justificar as falas de Arthur Do Val e Camilo Cristófaro, por óbvio. O vereador deve ser cassado, merecidamente, tal qual aconteceu com Do Val.

Mas bem que a celeridade dos "nobres" parlamentares poderia servir de exemplo para todas as Casas do Povo, que abrigam ladrões e corruptos de todas as colorações partidárias, mandando embora os bandidos que as frequentam.

Os escândalos que envolvem políticos são muito mais graves do que as palavras mal ditas, por certo, mas apenas Camilo e Arthur foram alijados do jogo político. Seus pecados foram expostos pela mídia como se fossem mortais, enquanto os larápios enrustidos postergam punições do outros ladrões que mantêm a boca fechada, para que não se perscrutem seus corações recheados das tramoias usuais.

Já nos adverte sabiamente o escritor: "...a boca fala do que o coração está cheio..." (Mateus12:34).

Pecaram os dois ao verbalizar seus corações...

Nissimiel




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